Durante os primeiros dias do bebê, realizar o teste do pezinho é um dos cuidados que você deve ter, especificamente entre o segundo e quinto dia após o nascimento.
Por ser um exame que todos os bebês vão ter que passar, criamos este guia completo com todas as informações que você precisa: por que realizar o exame, quais doenças são detectadas no teste de pezinho e muito mais. Confira:
O que é o teste do pezinho?
O teste de pezinho é um exame realizado na primeira semana de vida do bebê, e serve para diagnosticar precocemente algumas doenças e, assim, no caso do resultado positivo, seja possível tratar quanto antes, sem complicações mais graves.
O exame é feito através de uma coleta de sangue no calcanhar do bebê — por isso, o nome “teste do pezinho”. Por ser rápido, pouco invasivo e ajudar a diagnosticar uma série de doenças, o teste é obrigatório no Brasil.
Você pode levar o seu bebê para realizar a versão básica do exame de graça em qualquer rede do Sistema Público de Saúde (SUS), ou realizar uma versão ampliada, que rastreia mais de 100 doenças em clínicas privadas.
Origem do teste do pezinho
O teste do pezinho surgiu nos Estados Unidos na década de 60 e chegou ao Brasil em 1970 com a ajuda do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Foi apenas em 1992 que o exame se tornou obrigatório em todo território nacional.
O monitoramento precoce dessas doenças é uma forma de prever e reduzir a mortalidade provocada pelas patologias triadas através da identificação antes mesmo do aparecimento de sintomas.
Ou seja, com o teste do pezinho, é preciso detectar doenças antes mesmo de começar a aparecer sintomas no bebê. Esse resultado precoce ajuda a identificar o melhor tratamento, reduzindo a taxa de mortalidade.
Em 2001, foi criado o Programa Nacional de Triagem Neonatal, com o objetivo de ampliar as patologias detectadas e maior cobertura de assistidos. De lá até 2014, foram realizadas inúmeras implementações de doenças ao teste até chegar na versão mais atual.
Em 2021, foi sancionada a Lei n° 14.154 que amplia o número de doenças rastreadas, e assim o exame abrangerá 14 grupos de doenças, entre elas a fenilcetonúria, atrofia muscular e fibrose cística.
Com a evolução da medicina e da ciência, hoje é possível testar mais de 60 doenças com apenas algumas gotas de sangue do calcanhar de um recém-nascido.
Qual a importância de fazer o teste do pezinho?
A realização do teste de pezinho é tão importante, além de obrigatória no Brasil, que, atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) ampliou a sua capacidade de testagem para testar ainda mais doenças.
Com a Lei nº 14.154/2021, o exame atual realizado pela rede pública aponta entre seis a cinquenta doenças. O objetivo desta ampliação é identificar cada vez mais distúrbios e doenças em fase pré-sintomática para minimizar os danos à criança.
Lembramos, então, ser fundamental a realização do teste do pezinho durante os dias certos, ou seja, entre o segundo e quinto dia após o nascimento para que, assim, seja possível identificar doenças e tratá-las de maneira precoce.
Como fazer o teste do pezinho?
O teste do pezinho pode ser realizado em redes de saúde privadas ou na rede pública, gratuitamente. O exame é feito com uma picada no calcanhar do bebê para extrair algumas gotas de sangue a fim de identificar algumas doenças, como:
- Hipotireoidismo congênito: doença caracterizada pela redução na produção do hormônio da tireoide que pode levar ao retardo mental;
- Doença falciforme: reduz a capacidade das hemácias transportarem oxigênio pelo organismo, o que pode provocar fraqueza, apatia e dor generalizada;
- Fenilcetonúria: doença que prejudica o sistema neurológico;
- Fibrose cística: condição caracterizada por afetar os aparelhos digestivo e respiratório, assim como as glândulas sudoríparas;
- Hiperplasia congênita da supra renal: compromete a produção de hormônios essenciais à vida;
- Deficiência de biotinidase: leva a atrasos no desenvolvimento, surdez, convulsões, entre outros problemas graves.
Mais adiante, aprofundaremos sobre cada uma dessas doenças, suas características e tratamentos.
Onde fazer o exame do teste do pezinho?
O teste do pezinho é feito gratuitamente em qualquer posto de saúde do seu município. Para testes ampliados, é necessário ir em alguma rede privada. Atualmente, também, algumas maternidades já fazem o exame rotineiramente, antes da alta da mamãe e do bebê, logo após o parto. Assim, procure se informar se o hospital onde o parto será realizado faz este tipo de teste.
Quando o teste do pezinho deve ser feito?
O teste do pezinho é recomendado para ser feito entre o 2º e 5º dia de vida. Se, por acaso, o teste não for feito neste período, é necessário que seja feito em até 30 dias após o nascimento da criança, uma vez que esta é a única maneira de descobrir essas doenças precocemente a tempo de tratá-las e impedir o aparecimento de complicações.
Riscos de não fazer o teste do pezinho no período indicado
Se o teste do pezinho não for realizado e a criança tiver algumas das doenças, é possível que ela desenvolva sequelas graves e até mesmo irreversíveis em alguns casos.
Quanto antes você descobrir o resultado para essas doenças, mais cedo é possível fazer um tratamento para evitar que o seu bebê sofra de consequências graves.
Doenças que podem ser detectadas
O teste do pezinho é feito para diagnosticar precocemente algumas doenças antes mesmo de apresentarem sintomas. Entre as mais de 50 condições testadas pelo exame, as mais comuns são
Fenilcetonúria
A fenilcetonúria é uma doença hereditária dos pais, onde os filhos não conseguem deslanchar a fenilalanina presente no sangue. Em consequência disso, enzimas são acumuladas, podendo afetar o cérebro e levar à deficiência mental.
A princípio, as crianças nascem saudáveis, mas à medida que recebem alimentos ricos em fenilalanina, como leite e derivados, feijão, ovo e carnes, a acumulam no sangue sem conseguir metabolizá-la.
A cada 10 mil recém-nascidos, 1 é diagnosticado com essa condição. Por isso, é importante realizar o tratamento precoce para que a criança não sofra com danos mentais graves.
Hipotireoidismo congênito
Já o hipotireoidismo congênito é uma condição causada pela ausência ou diminuição da produção de hormônio da tireoide, importante para amadurecer órgãos e fazer com que eles funcionem de maneira normal, em especial o sistema nervoso central.
A falta do hormônio da tireoide provoca retardo em neuropsicomotores acompanhados de lesões neurológicas irreversíveis, assim como outras alterações corporais.
O tratamento precoce dessa doença é a simples reposição desses hormônios para não acarretar maiores danos.
Fibrose cística
A fibrose cística, também conhecida como mucoviscidose, é uma doença genética que compromete o funcionamento das glândulas exócrinas.
Por falta das substâncias que produzem o muco, suor e enzimas pancreáticas, o paciente tem a absorção de nutrientes e, consequentemente, tem dificuldade de ganhar peso apesar de se alimentar bem.
Hemoglobinopatias
Esta é uma condição hereditária caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos no sangue.
Com membranas alteradas e rompidas facilmente, o doente sofre de anemia. Isso porque a hemoglobina, transportadora do oxigênio, é essencial para a saúde de todos os órgãos de corpo humano.
Hiperplasia adrenal congênita
A hiperplasia adrenal congênita é uma doença causada pela deficiência da enzima 21 hidroxilase, envolvida na produção de diversos hormônios localizados na glândula suprarrenal.
Em mulheres, essa condição pode causar genitália ambígua e, nos homens, puberdade precoce.
Deficiência de biotinidase
Por fim, temos a última doença mais comum apontada no teste do pezinho: a deficiência de biotinidase.
Essa doença é causada pela falta de enzimas de biotinidase — responsáveis pela absorção e regeneração orgânica de biotina.
Teste do pezinho ampliado
Em 26 de maio de 2020 foi sancionado o Projeto de Lei (PL) n° 5043, do Deputado Dagoberto Nogueira, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n° 8.069, de 1990, e amplia o número de doenças detectáveis no teste de pezinho realizado pelo SUS.
Depois da alteração, o Governo Federal se compromete a destinar cerca de R$ 1 bilhão para a ampliação do exame, que deve identificar até 50 doenças.
Em outras palavras, com o avanço da medicina e ciência, os exames estão cada vez mais completos. Entre as doenças já mencionadas, poderão ser detectadas no exame ampliado também:
- A deficiência de G-6-PD;
- Galactosemia;
- Leucinose;
- Toxoplasmose Congênita.
Como escolher entre tantos tipos de testes?
Com diversos tipos de teste do pezinhos disponíveis, é difícil escolher a melhor opção para o seu bebê.
A verdade é que, para escolher a opção ideal para o recém-nascido, seja entre rede privada ou público, teste ampliado ou não, o mais indicado é pedir indicação ao médico.
Assim, pergunte para o pediatra do bebê qual é a melhor opção e não se esqueça de levá-lo para realizar o exame no período indicado!
Bebês prematuros também podem fazer o teste?
De acordo com o Manual Técnico de Triagem Neonatal Biológica, do Ministério da Saúde, todos os recém-nascidos são obrigados a passar pelo teste do pezinho.
Por outro lado, alguns bebês, como recém-nascidos prematuros, estão mais predispostos a apresentar falsos resultados. Por conta disso, o exame deve ser feito novamente depois que o bebê tenha passado pela idade gestacional, para verificar que não houve alteração nos resultados.
O que fazer quando o resultado dá positivo?
Se você levou o seu bebê para realizar o teste do pezinho e os exames voltaram positivos, então é necessário realizar um novo teste comprobatório, mais específico.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), mesmo que essa seja uma situação assustadora para os pais, é importante lembrar que nem sempre um resultado positivo significa que o bebê irá desenvolver a condição diagnosticada.
Ainda assim, o tratamento da doença deve ser feito o mais rápido possível, com auxílio de uma equipe de profissionais. Dessa forma, além de diminuir a taxa de morbimortalidade, o recém-nascido pode não desenvolver graves consequências.
Curiosidades sobre o teste do pezinho
- É um exame muito importante para todos os recém-nascidos, pois permite identificar bebês com alta probabilidade de apresentar algumas doenças metabólicas, genéticas e/ou infecciosas que podem causar sérios danos à saúde e sequelas por toda a vida.
- O teste não faz o diagnóstico, trata-se de uma triagem para que o diagnóstico seja feito.
- A maioria dos recém-nascidos não manifesta nenhum sinal ou sintoma das doenças rastreadas nos primeiros dias de vida.
- Os recém-nascidos que apresentarem resultado positivo na triagem neonatal devem realizar exames específicos para confirmação.
- O ideal é que o teste seja realizado entre o 3º e o 5º dia de vida.
- É muito importante respeitar o tempo de realização. O teste do pezinho não deve ser feito antes das 48 horas de vida, pois pode sofrer influência das alterações hormonais e metabólicas que naturalmente acontecem com a transição da vida fetal para a vida pós-natal, e que demoram até dois a três dias para atingir o equilíbrio. No caso da fenilcetonúria, é necessário que o recém-nascido tenha recebido alimentação proteica (leite) por, no mínimo, 24 horas antes da coleta.
- A coleta tardia pode impedir que a suspeita e o diagnóstico sejam feitos no tempo correto e atrasar as intervenções e tratamento específicos.
- O exame é feito através de uma pequena picada no calcanhar do bebê. O furo é praticamente indolor e o sangue é coletado rapidamente. O calcanhar é o local escolhido por ser uma região com muitos vasos sanguíneos.
- O teste do pezinho é obrigatório por lei e sua coleta é garantida e está disponível em todos os municípios brasileiros, gratuito no Sistema Único de Saúde.
- Espera-se que todos os recém-nascidos estejam com o resultado do seu Teste do Pezinho na primeira consulta ao pediatra, que deve acontecer aos 15 dias de vida.
Esperamos que você tenha gostado de conhecer o teste de pezinho. Para mais guias informáticos como este, confira o nosso blog!