Guia da vacinação infantil: as vacinas até os dois anos

Bebê recebendo vacinas incluídas no seu calendário vacinal infantil
Confira um manual de vacinação infantil: as doses necessárias para o bebê até os dois anos, a importância de uma carteira de vacina atualizada e muito mais.
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Nesses últimos tempos pandêmicos, dificilmente uma pessoa não pensa em vacinação. As vacinas nos possibilitaram voltar a sair nas ruas, encontrar parentes e amigos e viver uma vida relativamente normal de novo.

Com a vacinação da Covid-19 em alta, surgiram muitas dúvidas e rumores em relação à imunização de doenças. Como funciona? Fazem mal à saúde? E se eu não tomar nenhuma dose?

Por conta dessas questões, decidimos elaborar um manual de vacinação infantil. Aqui, você vai encontrar uma lista com todas as doses para aplicar no seu bebê até os 24 meses, argumentos sobre a importância de manter uma carteira de vacina atualizada e muito mais.

Então, se você é uma mamãe de primeira viagem ou já está com o seu recém-nascido no colo, leia atentamente porque essas informações serão muito úteis.

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Qual a origem das vacinas?

No final do século XVIII, os médicos e estudiosos começaram a perceber um fato muito interessante: as pessoas que trabalhavam com gado no campo não contraíam a varíola, uma doença comum na época.

Assim, em 1789, tentando entender esse fenômeno, Edward Jenner (1749–1823) notou que, nas vacas, algumas feridas nas tetas similares às dos humanos quando estavam expostos à doença.

No ano de 1796, o médico britânico decidiu se aprofundar e descobriu que mulheres responsáveis pela ordenha, ao serem expostas à versão da varíola bovina, manifestaram uma versão menos grave da infecção. Mais tarde, alguns testes comprovaram o que hoje é óbvio: quando as pessoas são sujeitas a doses pequenas de determinada doença, é estimulada a produção de anticorpos que desenvolvem imunidade.

Em 1797, o médico publicou os resultados dessas experiências no tratado “Investigação sobre a causa e os efeitos da varíola vacum”, apresentado na Academia de Ciências do Reino Unido.

Os anos se passaram, mais estudos foram realizados e testes provaram que os experimentos de Jenner estavam certos. Alguns anos mais tarde, o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) popularizou as “injeções imunizadoras para prevenir doenças”.

Segundo Pasteur, “quando um bovino já teve carbúnculo e se recuperou, não há micróbio no mundo capaz de atacá-lo novamente. Ele está imunizado. Logo, demonstrei algo que Jenner nunca pôde fazer com a varíola, ou seja, que o micróbio que mata é o mesmo que cura”.

Para refutar os céticos, Pasteur aplicou amostras debilitadas de carbúnculos em 45 ovelhas, duas cabras e alguns bovinos. Após algum tempo, injetou cepas mortíferas de carbúnculo nesses mesmos animais, que não apresentaram nenhum dano grave.

Ainda hoje, constatamos as provas de que a vacinação salva vidas. Durante dois anos de pandemia da Covid 19, mais de 6 milhões de pessoas morreram em decorrência do coronavírus. Após a imunização em massa, os indivíduos testados como positivos manifestaram apenas alguns sintomas leves.

O sistema imunológico em desenvolvimento de um bebê deve ser protegido ainda mais. E é por isso que a vacinação infantil é tão fundamental em todo mundo.

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Qual a importância de manter a vacinação das crianças em dia?

Como os estudos comprovam, a vacina, ao estimular a produção de anticorpos contra vírus e bactérias graves, a vacina previne doenças. Assim, ao se vacinar, a pessoa se protege antes mesmo do contato com o vírus.

A imunização é especialmente importante nos primeiros anos de vida, e uma etapa fundamental para o desenvolvimento saudável de todas as crianças.

Por isso, manter a carteira de vacina atualizada é obrigatório no Brasil, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente. Haverá penalidades a quem descumprir essa obrigação, como a suspensão de benefícios do Bolsa-Família.

E os números e estatísticas apenas comprovam a importância da vacinação: o Ministério da Saúde apresentou dados que indicam que a cobertura de vacinas revelou uma queda significativa das doenças que antes assolavam o país.

Além disso, as vacinas são responsáveis pelo aumento de 30 anos na expectativa de vida nas últimas décadas.

O que é um calendário vacinal infantil

O calendário vacinal infantil é como um roteiro especial para proteger as crianças contra uma série de doenças, uma agenda de vacinas, para se manterem fortes e saudáveis desde os primeiros dias de vida.

Essas vacinas atuam como superpoderes para o sistema imunológico, formando defesa contra vírus e bactérias que causariam problemas de saúde. Pelo calendário vacinal, as crianças vestem a melhor armadura para enfrentar os perigos das doenças.

As vacinas são como um escudo personalizado contra uma ameaça específica. Algumas protegem contra doenças mais comuns em bebês, enquanto outras são importantes para a fase de crescimento. Então, seguindo esse calendário, proporcionamos às crianças de até dois anos uma trajetória saudável e protegida.

Carteira de vacinação completa até os dois anos

Agora que você já entendeu a importância de vacinar o seu bebê, fique de olho em todas as doses que precisam ser aplicadas em crianças de até dois anos.

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Tuberculose

A vacina BCG é obtida da bactéria viva atenuada, aplicada sob a pele, de preferência, no braço direito. A aplicação dessa injeção acontece ainda na maternidade, após o nascimento. Parece maldade aplicar uma seringa em um recém-nascido tão fofo, mas lembre-se: é para deixar a sua criança mais saudável e forte!

Hepatite B

A segunda injeção da lista de vacinação infantil é a hepatite B. Esta vacina é indicada para crianças a partir dos 12 meses, adolescentes e adultos. Para crianças de um ano, até os 15 anos, é necessário duas doses com 6 meses de intervalo.

Nenhuma das doses está disponível no setor público, apenas na rede privada. As reações mais comuns são: dor, vermelhidão e inchaço na área aplicada.

Tríplice viral

A tríplice viral protege contra sarampo, rubéola e caxumba e é aplicada aos doze meses, na parte superior do braço. As doses dessa injeção estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde, assim como nos serviços privados.

Haemophilus influenzae tipo B

A vacina contra a Haemophilus influenzae tipo B (Hib) protege o seu bebê contra infecções bacterianas decorrentes do Hib, como a pneumonia e a meningite.

As doses devem ser aplicadas aos 2 e 4 meses, ou aos 2, 4 e 5 meses, dependendo da fórmula que é usada. E não se assuste: as reações mais comuns são dor, inchaço e vermelhidão.

Por compor a rotina de vacinação infantil, essas injeções são encontradas nos postos de saúde e serviços privados.

Poliomielite oral

A vacina oral poliomielite, também conhecida como VOP, deve ser aplicada a partir dos dois meses de vida, com duas doses adicionais, aos 4 e 6 meses, e com reforços aos 15 e 18 meses.

As vacinas da VOP ficam disponíveis nas unidades básicas de saúde durante as campanhas de vacinação.

Rotavírus

A vacinação infantil não é só injeção, hein? A rotavírus pentavalente é via oral, em três doses – sim, é a vacina das gotinhas – a primeira, aplicada até três meses de vida; a segunda, depois de um intervalo de quatro semanas, e a última até sete meses e vinte e nove dias de vida. É muito importante atenção às datas e não perder nenhuma dose.

A vacina monovalente é encontrada em postos públicos, e a pentavalente (que protege contra 5 tipos diferentes de vírus), em instituições particulares.

Pneumocócicas conjugadas

Existem duas vacinas diferentes para a pneumocócicas conjugadas: a 10-valente (VPC10), que ajuda a combater cerca de 70% das doenças graves em crianças, e 13-valente (VPC13), que previne cerca de 90% das doenças graves.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIM) recomendam o uso da VPC13, sempre que possível.

As doses da 13-valente devem ser tomadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, com uma dose de reforço entre 12 e 15 meses, e todas as doses estão no Centro de Referências para Imunobiológicos Especiais (CRIE) e em instituições privadas.

Meningocócica conjugada quadrivalente (ACWY)

Já a vacina meningocócica ACWY, encontrada tanto em setores privados como públicos, é indicada aos três meses, com uma segunda dose aos cinco meses.

As reações mais comuns são endurecimento, dor, inchaço e sonolência, mas todos esses sintomas costumam desaparecer em até 72 horas após a aplicação da vacina.

Meningocócica B

A injeção meningocócica B é recomendada para crianças, adolescentes e adultos até 50 anos. As crianças devem tomar a primeira dose aos dois meses, a segunda, aos quatro meses, e a terceira, aos seis meses. É necessário um reforço entre o 12° e 15° mês de vida.

Por não integrar a rotina de vacinação infantil, as doses são encontradas apenas no setor privado.

Influenza (gripe)

Contra a influenza, também conhecida como gripe, a vacina é aplicada dos seis meses até os nove anos, com um intervalo de um mês entre a primeira e a segunda doses.

Entre os principais efeitos colaterais, citamos: falta de apetite, irritabilidade, dor de cabeça, vermelhidão, inchaço, dor e mal-estar.

Na rede privada, você encontrará a vacina tetravalente, que protege contra quatro tipos diferentes de vírus, enquanto na rede pública está disponível apenas a trivalente, que protege contra três tipos de vírus.

Poliomielite (VIP)

A vacina inativada de poliomielite é trivalente e injetável. Na rotina de vacinação infantil, é necessário aplicar as doses aos dois, quatro e seis meses, com reforços aos quinze e dezoito meses e aos quatro e cinco anos.

As três primeiras doses da rotina de vacinação são encontradas em Unidades Básicas de Saúde, assim como em sistemas particulares.

Febre amarela

A vacina contra febre amarela é indicada para crianças a partir dos nove meses, adolescentes e adultos. Em crianças, deve ser aplicada aos nove meses, com uma segunda dose aos quatro anos.

As reações mais comuns são febre, dores de cabeça e muscular e vermelhidão. Esses sintomas podem durar de um até dois dias.

É possível encontrar as duas doses em setores privados de vacinação credenciados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), assim como nas Unidades Básicas de Saúde.

Hepatite A

A vacina da hepatite A é indicada para crianças de 12 meses até 15 anos, duas doses com seis meses de intervalo.

Os principais sintomas após a injeção são dor, vermelhidão, inchaço, cansaço, perda de apetite, náuseas e mal-estar. As reações cessam após 48 horas de aplicação da vacina.

Ambas as doses são encontradas apenas em rede particular.

Varicela

Chegamos à última vacina na carteira de vacinação infantil: a da varicela. A primeira dose é aplicada aos doze meses, e a segunda, entre o 14° e 15° mês de vida.

As reações mais comuns são dor, vermelhidão local, erupções avermelhadas na pele e febre. Algumas reações incomuns são infecção do trato respiratório superior, sintomas semelhantes à rinite e sonolência.

No setor público, as doses estão disponíveis para crianças até sete anos ou pessoas com comorbidade. Já na rede privada, é possível ser vacinado com qualquer idade.

Vacina hexavalente

A vacina hexavalente é uma aliada poderosa na batalha contra seis doenças sérias que prejudicam a saúde dos nossos pequenos. Vamos conhecê-las.

Difteria

A difteria é uma infecção bacteriana que afeta as vias respiratórias, com formação de uma membrana espessa nas amígdalas e na garganta, causando dificuldades respiratórias.

A vacina hexavalente prepara o sistema imunológico, treinando-o para reconhecer e combater a bactéria Corynebacterium diphtheriae, responsável pela difteria.

Tétano

A bactéria Clostridium tetani, presente no solo, é a causadora do tétano. As feridas abertas são portas de entrada para essa bactéria, que produz uma toxina que afeta o sistema nervoso, provocando espasmos musculares intensos.

A vacina hexavalente promove defesa sólida contra o tétano, impedindo que essa ameaça paralise os músculos da criança.

Coqueluche

Também conhecida como tosse convulsa, a coqueluche é uma infecção bacteriana altamente contagiosa, que afeta as vias respiratórias, com tosse grave e prolongada, especialmente em bebês. 

A vacina prepara o sistema imunológico para combater a bactéria Bordetella pertussis, proporcionando imunidade contra essa doença.

Hepatite B

Causada por um vírus, essa infecção afeta o fígado, causando complicações graves, como cirrose e câncer hepático. A vacina protege a criança contra a hepatite B, impedindo a replicação do vírus e promovendo imunidade forte.

Poliomielite

A poliomielite, ou paralisia infantil, é causada pelo poliovírus e causa a paralisia muscular. A vacina hexavalente protege contra a poliomielite, evitando a disseminação desse vírus altamente contagioso.

Meningite B

A meningite B é uma infecção bacteriana que atinge as membranas ao redor do cérebro e da medula espinhal. Os sintomas são graves, acarretando febre, dor de cabeça intensa e rigidez no pescoço. A vacina é um escudo vital contra a meningite B, protegendo o sistema nervoso central.

Ao administrar a vacina hexavalente, as crianças ficam resguardadas de doenças e constroem uma defesa global para um crescimento saudável e uma infância feliz.

Dúvidas

Qual a diferença entre rotina e campanha de vacinação?

Como você deve ter percebido, existem inúmeras vacinas e doses para serem tomadas ao longo desses primeiros dois anos de vida. E, para que a vacinação infantil seja eficaz, as doses precisam ser aplicadas nas idades estabelecidas, com a vacinação de rotina.

Também existem as campanhas de vacinação contra poliomielite e a do idoso, contra a gripe, que acontecem anualmente.

Assim, além de seguir a vacinação de rotina, acompanhe o calendário do Ministério da Saúde e se atente às campanhas de vacinação. E, sim, é necessário tomar as vacinas da rotina e da campanha.

Esperamos que todas as suas dúvidas em relação à vacinação infantil tenham sido esclarecidas. Acompanhe conteúdos educativos,  sobre consultas pediátricas e outros, seguindo a gente nas redes sociais e no blog.

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