A gravidez é cheia de momentos marcantes: chá revelação, chá de bebê, montagem do quarto e o parto. Você já deve conhecer a euforia de alguns desses momentos e deve estar na ansiedade para os próximos. Mas todos esses momentos voltam para um só: o teste de gravidez.
É aquele palitinho de farmácia marcando dois risquinhos que dizem: agora a sua vida mudará para sempre. Agora começa uma longa jornada como mamãe.
Mas os testes de gravidez nem sempre foram assim. É isso mesmo: os testes de farmácia são um acaso da inovação da medicina e ciência. Antes, os papais e mamães descobriam a gravidez através de um exame um tanto estranho…
Se você quer saber mais sobre a história do teste de gravidez, quais os tipos, como fazer e a desmistificação de histórias contadas há décadas, continue lendo o nosso guia completo:
A origem do teste de gravidez
Grãos
Os testes de gravidez existem há muito tempo. Pelo menos é o que diz o artigo do endocrinologista Glenn Bronstein, do Centro Médico Cedars-Sinai, que aponta que os primeiros registros de um método de detectar a gravidez são de 1.350 a.C., baseado em um tratado médico do Antigo Egito.
De acordo com o documento, os egípcios misturavam a urina da mulher suspeita de gravidez com alguns grãos de cevada e trigo. Se alguns dias depois os grãos brotassem, então a mulher realmente estava esperando um bebê.
E este método ainda apontava o sexo do bebê (pelo menos é o que eles acreditavam): se apenas a cevada desse brotos, então o bebê era do sexo masculino, enquanto se somente o trigo brotasse, a mãe estava grávida de uma menina.
A ciência atual confirma que, apesar de o método ser crendice, ele seguia uma lógica racional interessante: os hormônios de gestação podem ser um estímulo para o desenvolvimento dos grãos.
E ainda um texto dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), dos Estados Unidos, apontam que em 1963 um grupo de cientistas analisou esse teste de gravidez antigo e perceberam existir, de fato, alguma verdade. Os estudos comprovaram que em 70% das vezes a urina da gestante realmente promovia o desenvolvimento dessas sementes, uma vez que o xixi daquelas que não esperavam um filho não tinham o mesmo resultado.
Analisadores de xixi
Se você já achou o teste de gravidez egípcio estranho, as coisas começam a ficar ainda mais surreal na Idade Média na Europa.
Digo isso porque em algum momento dos séculos V e XV, difundiu-se que era possível analisar o estado de saúde de alguém por líquidos corporais – e isso inclui descobrir se uma mulher estava grávida ou não.
Assim, surgiam os “analisadores de xixi”. Em outras palavras, indivíduos eram treinados para analisar cor, cheiro, textura e outros aspectos da urina para diagnosticar doenças e condições.
Os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos apresentaram que, em um texto publicado em 1552, a urina da mulher grávida era descrita como de cor clara de limão pálido, inclinada para o esbranquiçado e com um aspecto nebuloso na superfície.
Nesta época, também para analisar a possibilidade de gravidez, algumas pessoas misturavam urina e vinho – o que, de acordo com os NIH, pode ter de fato uma reação química do álcool com proteínas do xixi que permitem este tipo de análise.
Além dos analisadores de xixi, as clássicas mudanças no corpo como enjoos, vômitos pela manhã ou aumento do peso também eram indicadores de uma possível gestação.
Hormônios
Anos mais tarde, já nos séculos VII e IX, o avanço tecnológico e científico possibilitou que os médicos observassem profundamente o que acontece com o organismo humano diante de doenças e condições.
Assim, já no século XX, o fisiologista inglês Ernest Starling foi um dos primeiros a identificar que existem mensageiros químicos dentro do nosso corpo, atualmente conhecidos como hormônios.
Na gravidez, o hormônio identificado é o Gonadotrofina coriônica humana, também conhecida pela sigla HCG. Produzido pela placenta da mãe, este “mensageiro químico” permite o diagnóstico precoce da gravidez.
Assim, com o avanço desses estudos e conhecimento mais aprofundado, alguns testes hormonais começaram a ser desenvolvidos, embora não como conhecemos hoje em dia.
Animais
Com a recém-descoberta do HCG, o primeiro teste de gravidez do século XX foi desenvolvido em 1927 pelos cientistas alemães Selmar Aschheim e Bernhard Zondek.
Com uma série de estudos e experimentos, a dupla conseguiu descobrir que ao injetar a urina de uma grávida em uma rata ou camundonga era estimulado o desenvolvimento do ovário e da liberação dos óvulos nestes animais.
Assim, começaram a desenvolver o teste “A-Z” (em homenagem ao sobrenome dos cientistas).
Apesar de ser muito mais eficaz do que os antigos métodos, esse novo teste era pouco prático, uma vez que era necessário injetar a urina da mulher em pelo menos cinco ratas e esperar algumas semanas para obter resultados.
Com o passar dos anos, outros cientistas fizeram esse mesmo experimento em outros animais como o coelho e, apesar de trazer o resultado em menos tempo, ainda era necessário de um bicho para obter os resultados.
Isso até que sapos e rãs começaram a ser testados, mas com um grande benefício: estes anfíbios liberam ovos que permitem descobrir se a mulher está grávida ou não sem a necessidade de dissecar o animal para descobrir.
Assim, surgiu então um novo teste de gravidez que podia ser usado mais popularmente: a urina da mulher era injetada em sapos e rãs e, caso a mulher estivesse realmente grávida e com HCG presente, o hormônio estimulava a liberação de ovos e o resultado era obtido.
Por conta dessa descoberta, durante as décadas de 1940 e 1960, existiu um extenso comércio internacional de anfíbios para testes de gravidez — algo que até os dias atuais traz impactos negativos para a natureza.
De acordo com um estudo publicado pela revista Nature em 2013, aponta-se que a importação de sapos da espécie Xenopus laevis do continente africano para os Estados Unidos trouxe para a América do Norte um fungo que causa doenças graves e pode até mesmo ameaçar a existência de anfíbios locais.
Versão caseira
Com a chegada dos anos 70 e o avanço da medicina foram desenvolvidos os primeiros testes de gravidez que podiam ser feitos em casa.
A primeira versão foi desenvolvida pela publicitária Margaret Crane, e oferecia um kit de química que continha tubos de ensaio, diferentes frascos de produtos e exigia que a mulher seguisse algumas etapas para detectar um resultado confiável.
Este teste de gravidez foi considerado, na época, como uma revolução privada já que permitia a realização do exame no conforto da casa e com resultados mais rápidos.
Depois dos anos 80, novos testes mais parecidos com os atuais começaram a ser desenvolvidos e comercializados. De lá para cá, o tempo de espera por um resultado diminuiu, passando de semanas para alguns minutos.
Tipos de testes atuais
Agora que você já está mais inteirada sobre a história do teste de gravidez, vamos conhecer as opções modernas, como usá-las e qual é a mais indicada.
Teste de farmácia
Os testes de farmácia são os mais conhecidos, acessíveis e populares. Existem diversas opções de marcas, variando de preço, mas todas com o mesmo objetivo: apontar a gravidez da mulher.
Todos esses testes instantâneos funcionam da mesma maneira: são kits com um passo a passo para detectar o hormônio da Gonadotrofina Coriônica Humana na urina da mulher.
Na hora de ir à drogaria escolher o teste, entre diversas opções, é importante levar em conta a praticidade e eficácia, ficando sempre atenta à validade do produto e se ele está armazenado da maneira correta. Para te ajudar a escolher, você pode conversar com um farmacêutico que indicará a melhor opção.
Em relação aos preços, eles podem variar muito, mas ficam na faixa de R$ 10 até R$ 40. Lembrando que investir em uma marca mais cara não significa, necessariamente, mais rapidez ou eficácia no teste de gravidez.
Sabemos que o momento de realizar o exame é cheio de ansiedade e incertezas, mas é fundamental que você leia a bula e o passo a passo completo para que o resultado seja o mais confiável possível.
As bulas costumam conter um texto claro e direto, com imagens explicativas para ajudá-la.
Normalmente, é necessário urinar em um pequeno pote e depois mergulhar a fita do teste e esperar o tempo necessário descrito pelo fabricante. Se o resultado for positivo, devem aparecer dois risquinhos.
Para testes comprados em farmácia, não é necessário a prescrição de receita médica, e os resultados variam com uma porcentagem entre 95% e 99% de precisão, dependendo do fabricante.
Exame de sangue
O exame de sangue é um pouco mais complicado de fazer e não é a primeira opção das mulheres, já que precisa de prescrição médica e leva um tempo para sair o resultado.
A mulher pode escolher fazer dois tipos de exames de sangue: o qualitativo e o quantitativo. Os dois tipos buscam detectar a presença do HCG no sangue, mas enquanto o qualitativo aponta apenas o resultado positivo ou negativo, o quantitativo pode dizer a quantidade do hormônio presente na amostra.
Assim, o teste quantitativo pode ajudar o médico a definir o tempo de gestão, mesmo que, para uma resposta definitiva seja necessário fazer uma ultrassonografia.
O exame de sangue é o teste de gravidez com maior porcentagem de precisão: 99%. Se você optar por esta opção, deve ir ao médico, pegar uma receita e fazer o exame. Algumas horas depois você já deve ter o resultado.
Exame pélvico
O exame pélvico, também conhecido como exame de toque, também pode dar algumas indicações de que a mulher esteja grávida.
Durante a consulta, se houver alteração da coloração da vulva, tamanho e formato do útero ou a textura do colo uterino, o(a) médico(a) pode suspeitar de uma possível gestação.
Aqui, contudo, é importante confirmar o resultado com um exame de sangue ou um teste de farmácia.
Qual teste escolher?
Essa escolha é pessoal e muda de mamãe para mamãe. Enquanto os testes encontrados em farmácia são mais rápidos, os realizados em laboratórios são mais exatos.
Se você for escolher o teste de farmácia, é importante comprar mais de um para ter certeza. Se realizar o exame de sangue, apenas uma amostra deve consegue indicar gravidez.
Dúvidas
Existem muitas dúvidas e mitos quando falamos de gestação e teste de gravidez. Por isso, respondemos algumas perguntas comuns sobre estes temas:
É possível ter um falso positivo?
Quando falamos de testes de farmácia, existe sim, a possibilidade de acontecer um “falso negativo” ou um “falso positivo”.
Isso porque o uso de alguns remédios que contém o Beta HCG em suas composições podem interferir no resultado do exame. Assim, se você for fazer o teste de farmácia e está tomando algum remédio, olhe a composição na procura desse hormônio.
Os testes de farmácia são confiáveis?
Os médicos e especialistas costumam recomendar o exame de sangue para detectar a gravidez, contudo, os testes de farmácia também são muito confiáveis.
Por ser mais prático e barato, os testes de farmácia com precisão de 95% costumam ser a opção número 1 das mulheres.
Minha menstruação atrasou, devo fazer o teste?
Você pode descobrir se está grávida a partir do 10° dia de fecundação, mas um dos primeiros sintomas que indicam a possível gestação é o atraso da menstruação. Geralmente, o HCG pode dar positivo com apenas um dia de atraso da menstruação.
Contudo, nem sempre a gravidez faz a menstruação atrasar em um mesmo período em todas as mulheres. No geral, isso ocorre com mulheres que possuem ciclos regulares de 28 dias.
Assim, em ciclos irregulares, pode ser mais difícil de identificar a gravidez olhando apenas para o atraso de um dia de menstruação.
Resumindo, se a sua menstruação está atrasada apenas um ou dois dias, não há motivos para comprar um teste, visto que nem todos os ciclos são regulares.
O teste de gravidez pode indicar o sexo do bebê ou se a gestação é múltipla?
O teste de gravidez de farmácia e o exame de sangue não podem identificar o sexo do bebê ou se a gestação é múltipla. Para essas informações, é necessário fazer outros procedimentos mais adiante.
Gravidez psicológica pode dar o resultado positivo no teste?
Não! A gravidez psicológica não pode causar um resultado positivo em testes de gravidez.
Conta pra gente...
E aí, você sabia tudo isso sobre o teste de gravidez? Deixa aqui nos comentários como foi a sua experiência descobrindo que iria ser mamãe!